As barreiras enfrentadas pelas mulheres empreendedoras também têm raízes socioculturais, dificultando o acesso ao financiamento essencial para iniciar ou expandir negócios. Normas patriarcais, que centralizam o controle dos recursos familiares, influenciam diretamente na possibilidade de uso de bens e na obtenção de crédito bancário.
- A empresária Esperança Mangaze reconhece essa realidade e compartilha a trajetória inspiradora de Assma, uma empreendedora do setor de confeitaria que conseguiu transformar sua paixão em um negócio próspero, tornando-se proprietária de diversas escolas de culinária em Maputo.
"Assma começou vendendo salgados caseiros para os vizinhos. A aceitação foi positiva e, conforme a demanda crescia, ela percebeu a necessidade de expandir seu empreendimento. Com os lucros, conseguiu construir uma casa", contou Mangaze.
Diante do aumento das encomendas e da limitação do espaço, Assma decidiu buscar financiamento para ampliar seu negócio. Paralelamente, começou a ensinar gratuitamente suas vizinhas a preparar doces e salgados, permitindo que a ajudassem a atender a clientela crescente.
"Ao solicitar crédito, a primeira pergunta feita foi sobre seu estado civil e se era funcionária pública. Como era solteira, foi necessário que gestores do banco avaliassem a casa que construiu com os lucros de seu trabalho. O tamanho e a qualidade do imóvel impressionaram a equipe, levando à aprovação do financiamento", explicou.
Mesmo com os desafios burocráticos, Assma quitou a dívida no prazo e, atualmente, possui escolas de culinária em Maputo e Matola, simbolizando determinação e superação.
- Mangaze ressaltou que muitas mulheres enfrentam obstáculos desnecessários no acesso a crédito, o que dificulta o crescimento de seus negócios. Segundo ela, a implementação de políticas que facilitem o financiamento pode estimular o aumento do número de empresárias no país.
Ela também destacou os impactos da pandemia de Covid-19 e os danos causados pelas manifestações pós-eleitorais no setor empresarial. Em 2020, houve uma queda de 58% no número de empresas, representando uma redução de 61,7% devido à crise sanitária. Além disso, mais de 500 empresas foram destruídas durante os protestos, afetando diretamente muitas empreendedoras que tentavam consolidar e expandir seus negócios.
"Esses acontecimentos evidenciam a necessidade urgente de políticas públicas que promovam a inclusão e o empoderamento das mulheres, ajudando-as a superar as barreiras socioculturais e a garantir acesso aos recursos fundamentais para o sucesso de seus empreendimentos", concluiu.
Fonte: Jornalnoticias.co.mz
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