O Papa Francisco "nunca deixou de governar a Igreja", mesmo durante sua hospitalização, e continua a tomar decisões sobre questões importantes enquanto se recupera, afirmou neste sábado o secretário de Estado do Vaticano.
"Nos dias mais difíceis da sua hospitalização, que felizmente já passaram, o Papa Francisco analisou os documentos sobre questões significativas, leu-os e tomou as decisões necessárias", disse Pietro Parolin, em uma entrevista publicada no jornal italiano 'Il Corriere della Sera'.
- O secretário de Estado destacou que o Papa delega questões rotineiras aos seus colaboradores. "O Santo Padre precisa de tranquilidade e não pode se sobrecarregar. Existem assuntos que apenas ele pode e deve decidir. A liderança da Igreja está sob sua responsabilidade", afirmou.
No entanto, "há muitos outros assuntos diários que os colaboradores da Cúria podem resolver sem consultá-lo, baseando-se em diretrizes recebidas e nas normas estabelecidas", acrescentou Parolin.
"Os dicastérios da Santa Sé atuam em nome do Papa. É claro que todas as decisões mais importantes devem ser tomadas pelo pontífice, mas outras podem ser resolvidas dentro de cada dicastério, conforme as orientações que ele mesmo elaborou", explicou.
Pietro Parolin também enfatizou que esse modo de operação se aplica não apenas durante o período de convalescença de Francisco, mas também quando ele não está em recuperação, conforme as regras que regem a Cúria Romana: "Nem tudo precisa passar pelo Papa. Ele tem seus colaboradores na Cúria, a quem dá instruções e o poder de tomar determinadas decisões."
- "Em casos específicos, certos poderes podem ser delegados", como no caso das canonizações, em que "é o Papa quem deve pronunciar a fórmula" que oficializa o processo. No entanto, essa responsabilidade também pode ser delegada a um colaborador para que o faça em nome do Pontífice, caso necessário, acrescentou.
Francisco continua sua recuperação no Vaticano após dois meses de tratamento recomendado pelos médicos, com melhoras leves na fisioterapia respiratória e motora, além de uma melhora em sua capacidade de fala. Ele recebeu alta no domingo passado, após 38 dias internado no Hospital Gemelli de Roma devido a uma grave infecção respiratória, conforme informado pelo gabinete de imprensa do Vaticano nesta sexta-feira.
O Vaticano ressaltou que ainda é "precoce" saber como será sua participação nos próximos eventos do calendário, incluindo os ritos da Semana Santa e a canonização do jovem Carlo Acutis, marcada para 27 de abril.
"Veremos qual solução será encontrada", disse Parolin sobre a canonização, que "também dependerá de como o Santo Padre se sentirá nos próximos dias". Ele sugeriu que poderia delegar a cerimônia a um cardeal, como Marcello Semeraro, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, embora nenhuma decisão final tenha sido tomada sobre o assunto.
Fonte: tvi.iol.pt
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